sábado, maio 21, 2011

eu e minhas caixas de mudança perdidas...
não há poesia nisso!

quarta-feira, maio 11, 2011

ENQUANTO ISSO

...NA SALA DA LIGA DA JUSTIÇA


os móveis já formam vendidos

as roupas estão sendo lavadas e dobradas

os livros encaixotados

as comidas consumidas

velharias descartadas (mas nunca todas)

perdidos encontrados

as contas sendo pagas

...

e que comecem as despedidas!!!

segunda-feira, maio 09, 2011

Loucos de Pedra

Dou nó nas entranhas e viro do avesso com um tropeção
Nessas nauseabundas tardes ansiosas de apetites distorcidos
Que se estendem e se arrastam em insólitos colóquios infernais

Não caibo, não encaixo
Como bordas se esparramam
Queimadas no fogão

Ai insensatez!

Já não me serve mesmo chorar
O que se derramou sem tanto alarde

Infeliz da consciência em convulsão
Mas que ao final se acovarda
Fraca, descontente

É tarde e o desfruto abrolha
Lascivo e voraz
Como gargalhada rasgada
Troçando a moral
Perdida
Maldita
Esquecida

domingo, abril 24, 2011

Leoninos X Cancerianos

Sou leão com ascendente em câncer e sempre tive uma relação curiosa e intensa com os caranguejos de minha vida. Segundo o “novo horóscopo” eu teria virado câncer, o que não me espantaria muito, mas a juba, impossível de negar, não me faria duvidar de uma ascendência em leão.
O fato é que a dupla leão e câncer sempre foi equilibrada no meu entender, tanto em mim quanto nos meus relacionamentos.
Eu, leão quieto apegado ao aconchego de casa pelo peso do meu caranguejo, que não dispenso jamais um elogio e não fujo nunca de um holofote, curiosamente tive como par nos relacionamentos mais marcantes, caranguejos, que me fizeram aprender a reconhecer de pronto e a lidar tranquilamente com as manhas, charmes irresistíveis e manias de um canceriano.
A questão é que “outro dia” (variação de tempo indefinida que pode abranger de algumas horas a mais de um ano) me vi às voltas com um leão irresistível (e não, infelizmente não estou falando do Eriberto Leão).
Interessante foi observar as nuances, pequenas sutilezas que reconheço por vezes em mim mesma que distinguem um leonino de um canceriano. Este com certeza deixa de lado reserva e timidez (sai da casca!) quando seguro de si e à vontade no ambiente, mas o leão tem uma aura de confiança que vem na frente, antes mesmo de ter certeza, ele apenas sabe que pode tomar conta e vai rugir se disserem que não.
Eu sei bem disso, leoninos sempre sabem, mesmo quando estamos errados, e dificilmente vamos admitir se realmente estivermos! É mais forte que nós!!
Mas bem, sem o objetivo de emburrar caranguejos ou pavonear nenhum leonino por aí, só queria mesmo era falar da freqüência com que me deparo com a tabelinha leão X câncer, que desconfio continuará por muito tempo ainda, pois não resisto ao charme cachorro sem dono de um canceriano, mas também descobri que me faz tremer as pernas um rugido audaz de um leão determinado.

Canceriano Sem Lar - Raulzito

quinta-feira, abril 07, 2011

14 dias

Durante quatorze dias abriu-se parêntesis e o que era verdadeiro se camuflou. Fecha parêntesis.

Óculos de terceira dimesão distorceram a regra oficial no espaço onde a verdade apenas permeava em pinceladas uma realidade de palpável fantasia. Os sentidos sempre atentos ora fraquejavam, ora dissimulavam emboscadas indiferentes.

Insanidades coniventes, cuidados infantis, êxtases extravagantes ou apenas deixar-se estar em desapego em um embate de leões.

Tudo real mas ilusório. Foi preciso quebrar os óculos antes que os olhos prazerosamente habituados não fossem mais capazes de enxergar além. Restaram apenas os retratos daquela realidade 3D, fotografados no reflexo dos espelhos e esculpidos na forma da poeira no vazio desocupado.

Indesejado mas providencial foi o despertador da realidade, que nos atira sempre aos berros, a quilômetros de distância para que possamos retornar com braçadas sufocantes ao ponto de partida com os olhos nus.

quinta-feira, março 31, 2011

bye bye belém

Hoje, por um instante pensei que seria difícil para mim deixar Belém. Pensei que o convívio com pessoas queridas seria o suficiente para me fazer sentir vontade de ficar mais um pouco, pois sempre me parece que quando estamos nos preparando para grandes partidas coisas muito boas começam a acontecer para testar nossa vontade real de mudança. Foi o que pensei hoje.

Mas logo me lembrei de porque não quero mais ficar aqui.
Não quero mais ficar na cidade da qual nunca gostei, que posso até ter aprendido a apreciar fatos, lugares, costumes, mas que o todo ainda me deixa desconfortável e insegura. Das pessoas queridas que conheci, e reencontrei, destas sim sentirei falta, e digo isso com a garganta engasgada pois é sempre dolorido separar-se de amigos, principalmente quando a probabilidade do reencontro nos parece longínqua.


Nesses caminhos compridos que percorro o que mais me comove sempre são os amigos. A paixão pela profissão guia minhas escolhas mais objetivas, mas as amizades são as que pesam no coração, pois família é algo para sempre, mas as amizades são conquistas que devemos cuidar bem para manter.

Volto em algumas semanas para uma cidade onde nunca morei, mas que de tanto ouvir dizer, até acredito que é de lá que venho.


Belo Horizonte, logo ali, em um cantinho tão aconchegante desse Brasil improvável de grande. Saio do clima tropical, onde apesar do calor a das chuvas constantes nunca fico doente e troco o camarão salgado pelo torresmo, o jambu pela couve, o tucunaré pelo lombinho de porco, o vatapá pelo angú. Preparo-me para a volta das duas grandes gripes anuais, uma no começo e outra no final do inverso que me deixa tão mal humorada, mas que parece aquecer em meio às paisagens dos pés de serra.

Desde o começo estive aqui de passagem e agora estou me despedindo. E o faço com o peito aquecido pela oportunidade e acolhida de tantos amigos queridos que sempre levarei com o maior carinhos em lembranças preciosas.