quinta-feira, fevereiro 28, 2008

mancha de vinho

Parece que foi a única coisa que sobrou dos últimos dias de festa. Dias nos quais tudo parecia normal. A manhã não era radiante, os pássaros não assobiavam canções maravilhosas e nem as árvores farfalhavam com uma brisa leve e perfumada. Na verdade chegava a fazer frio perto de passagens sombreadas e algumas nuvens anunciavam uma chuva que poderia não chegar. Estávamos ali talvez por não haver opção melhor. Compromissos sim, mas também não muito importantes, nada que posteriormente nos fosse cobrado com muito afinco. Parecia justo aquele ser um momento de espera. Alguns, planos e rotas de fuga, outros, cassa-palavras em textos de hermenêutica pós-moderna. E embora o tédio não fosse o tom principal daqueles dias, ele esteve presente em muitos momentos. Nas festas havia música, desejos, invejas e ciúmes, entorpecentes de todas as qualidades. Mas nos divertíamos loucamente esperando o mal estar do dia seguinte quando a primeira providência a tomar era reconhecer o ambiente a nossa volta. E isso não me impedia de gostar de tudo aquilo. Era tudo muito fácil. E então, bastava colocar os óculos escuros e voltar para casa esperando que as coisas todas voltassem ao seu lugar. E elas costumavam voltar.

3 comentários:

Anônimo disse...

Pandora! Aquela que tem a coragem (quer coragem maior?) de abrir a caixa contra a vontade de todos so redor!!!
Por vezes penso que as manchas de vinho (Cantina das Trevas) que encontro em minhas roupas são frágeis tentativas de encontrar a chave que você outrora usou para abrir a Caixa de Júpiter, Zeus Pater... E, de maneira pueril, vejo algo se abrir (seria minha cabeça rachada pela ressaca?!?) e acabo por sorrir pelos meus esforços vãos...
Acho muito importante esse momento de jogar tudo pro alto. Só o que resiste à lei da gravidade permanece em nossas vidas! Pois se, da matéria dos sonhos somos feitos, como já diria Shakespeare em sua maturidade, dissolvem-se no ar todas as impresssões que, se importantes, não fazem mais parte da nossa vida; se irrelevantes, não mais sabíamos porque guardar.
Já o que cai... Vamos torcer pra não ter quebrado!!!
E que venha mais uma taça!
Aguardo ansioso seu próximo post.

Pandora disse...

Ah meu querido, acho que são de comentários assim que preciso para continuar insistindo nessa árdua tarefa, mesmo se às vezes ficamos de mal uma com a outra, eu e a escrita! A leoa aqui tem q aprender a baixar a juba de vez em quando, e insistir sempre, mesmo se algumas coisas não saem tão bem quanto planejamos, porque a perfeição (mesmo não tendo tanta pretenção) só vem com a prática.
Obrigada lindo!!

Anônimo disse...

=D
Pode acreditar que sempre que ver um post seu eu vou querer comentar...
Acho que é disso que a escrita é feita - de parcerias. Somos o resultado de todas as experiências, vivências e encontros passados - nossos passos nos truxeram até aqui. E, como somente diamantes se lapidam (quebrando todas as outras pedras ao redor, se for preciso =D) Obrigado por ser um dos diamantes da minha vida!!!
Até o próximo post!!!