Sim, pois bem, estou viva!
As andanças continuam, e vez por outra bate uma vontade de escrever. O problema é sentar e colocar a mão na massa, e se no caso, tela e teclado já estão difíceis de me convencer, quem dirá papel e caneta. No máximo um origami.
Mas hoje tomei fôlego para escrever sobre uma grande descoberta. Não é todo dia que desvendamos grandes dúvidas de uma vida inteira!
Então vamos a ela:
Finalmente descobri o significado de um termo que sempre ouvi aqui no Pará, mas que nunca havia compreendido completamente: o tal do “remoso”.
Cresci ouvindo todo mundo que nasceu nesse Estado falar que camarão é remoso. Peixe de tal tipo é remoso. Tucupi* também. Caranguejo então, nem se fale! Seria a morte certa na beira do abismo comer caranguejo depois de passar por uma cirurgia, porque ele é muitíssimo remoso.
Nessa história, sempre tentei associar a “remosidade” de um alimento com alguma característica identificável pelo paladar. Na verdade imaginava que seria algo parecido com gorduroso, e convencida disso, não compreendia ainda onde estaria essa gordura no pobre do camarão.
Pois então, saí do Pará, e nunca mais ouvi o termo em canto algum.
Uns bons 10 anos depois quando retorno para trabalhar e fazer minha especialização em arqueologia, lá está o tal de novo:
“- Ah, estou com um golpe** no dedão do pé, não posso comer camarão, é remoso.”
Que diabos! O camarão então continuaria a ser uma iguaria remosa/gordurosa ou haveria de ter uma explicação mais profunda pra coisa?
Dias depois obtive uma explicação deveras esclarecedora de uma amiga e colega de trabalho.
Segundo ela, um alimento remoso é aquele que potencializa uma inflamação ou infecção, no caso de cortes, machucados, pontos, etc. A avó dela não pode comer caranguejo que lhe inflamam todas as varizes!
E como eu sei se uma comida é remosa?
Ah, se você comer alguma coisa e estiver com um corte no dedo, por exemplo, e o corte inflamar depois, era remoso.
Mas e antes? Como eu faço pra saber se é remoso antes de comer e ficar com o dedo inchado, vermelho, dolorido e latejante?
Bom, algumas coisas a gente já sabe que são remosas, mas outras não. E não dá pra olhar e saber.
Ou seja, é impossível ficar cara a cara com um alimento e dizer, “Humm você tem um jeitão de ser remoso, fica pra próxima querido, estou com uma unha encravada.”
Claro que não tive nenhuma explicação científica, continuo sem ter a mínima idéia de porque alimentos remosos ajudam a inflamar e infeccionar machucados, mas solucionei uma grande questão que me atormentou durante anos, que características têm em comum alimentos remosos: nenhuma, a não ser a moléstia ou incômodo posterior.
E ainda levei de brinde mais uma informação importantíssima!
Mocinhos cuidado, nós mulheres somos remosas!!
Mas por enquanto me abstenho de maiores comentários. Quem vier ao Pará que descubra sozinho do que estou falando...
*Caldo amarelo, picante, fermentado feito da mandioca.
** Corte, machucado.
sexta-feira, abril 10, 2009
domingo, março 29, 2009
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